A família afirma que a vítima foi atingida por um disparo à queima-roupa e que os policiais levaram o adolescente do local já sem vida
Um jovem de 16 anos foi morto a tiros em uma abordagem policial, no bairro Mondubim, em Fortaleza. A ação aconteceu por volta das 22h30, nesse domingo (24) e gerou comoção na vizinhança. Paulo Vitor Oliveira foi atingido enquanto estava na companhia de amigos.
Segundo um parente da vítima, o adolescente havia saído de casa há poucos minutos, a pedido da mãe dele. O menino ia a um mercadinho, comprar uma pasta de dente. No caminho, teria encontrado amigos e ido tomar açaí. Foi quando veio uma viatura da Polícia Militar do Ceará (PMCE), com a sirene ligada.
Um vídeo de uma câmera da região mostra a ocorrência. A chegada de uma viatura da Polícia Militar provoca correria. Policiais cercam jovens que estão em uma via, e Paulo Vitor é baleado e cai. O adolescente é retirado do local pelos policiais na viatura, enquanto a comunidade entra em desespero.
Questionada sobre a abordagem policial, a PMCE afirmou, em nota, que “apreendeu um revólver calibre .38 com seis munições deflagradas depois de uma ação preventiva e ostensiva com intervenção policial na Rua Tancredo Neves, no bairro Mondubim, em Fortaleza. A ocorrência foi na noite desse domingo (24), após denúncia de que suspeitos armados estariam traficando drogas na região”.
Conforme relatório policial, as equipes da 2ª Companhia do 21º Batalhão Policial Militar iniciaram diligências para checar a denúncia, quando foram surpreendidas com disparos de arma de fogo. Diante disso, os militares revidaram, em legítima defesa, segundo relato dos agentes que atenderam a ocorrência. Um adolescente de 16 anos, ferido durante a ocorrência, foi prontamente socorrido a uma unidade hospitalar, onde posteriormente foi a óbito.”
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que instaurou procedimento disciplinar para devida apuração na seara administrativa, “estando este, atualmente, em fase de instrução”.
“EU VI QUANDO JOGARAM ELE NA VIATURA”
O familiar de Paulo Vitor diz ter ouvido apenas um disparo: “fui até a varanda e de lá eu vi quando jogaram ele na viatura”. A testemunha, de identidade preservada, fala que o menino já estava parado e com as mãos para o alto, no momento em que foi atingido.
A família nega envolvimento do estudante com qualquer ato ilícito. Já na madrugada e na tarde desta segunda-feira (25), moradores da região protestaram contra a intervenção policial e bloquearam ruas no bairro.
“A Polícia matou um inocente. Foi isso que aconteceu. Foi isso que eles fizeram e precisam ser responsabilizados. Ele não tinha envolvimento com drogas, com nada disso. Nós não vamos nos calar”, disse a família.
informações do Diário do Nordeste