A saúde pública de Fortaleza vive um momento crítico. As constantes reclamações envolvendo a gestão municipal, como no caso do Instituto Doutor José Frota (IJF), destacam um cenário alarmante. Não pela capacidade de atendimentos de alta complexidade do hospital, mas pela precariedade em sua estrutura e atrasos nos repasses de verbas. Para quem está na linha de frente, o diagnóstico é claro: caos total.
No entanto, denúncias exclusivas ao Pirambu News apontam que o problema não se limita ao maior hospital de traumas do Ceará. O Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também enfrenta uma crise profunda. Profissionais do serviço denunciam atrasos salariais desde agosto, além de uma estrutura sucateada e um déficit de profissionais que agrava ainda mais o atendimento à população.
“É revoltante. Já estou acostumado a ver acidentes e situações difíceis, mas ver o povo que depende do SUS jogado assim, sem maca ou ponto de oxigênio, é muito triste”, relatou um profissional, que preferiu não se identificar para evitar represálias.
Atrasos de pagamento e falhas estruturais
Os profissionais do SAMU são vinculados a uma cooperativa contratada pela Prefeitura de Fortaleza. De acordo com dados apurados pelo Pirambu News no Portal da Transparência, houve um repasse de verba em novembro. No entanto, a mesma cooperativa ficou cerca de três meses sem receber recursos municipais, o que gerou dívidas e atrasos no pagamento dos trabalhadores.
A falta de manutenção adequada nas ambulâncias e a superlotação dos hospitais impactam diretamente o tempo de resposta dos atendimentos de urgência, colocando em risco vidas que dependem do serviço.
Respostas insuficientes
Diante do agravamento da situação, o Sindicato dos Médicos do Ceará foi acionado pelos profissionais para intervir junto à cooperativa e à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Em nota, o sindicato destacou que já atuou em diversas reuniões e demandas relacionadas ao SAMU, inclusive acompanhando um procedimento aberto no Ministério Público do Ceará.
“O município informou que a morosidade no pagamento se deve a um fluxo interno adotado, que demora cerca de dois meses para os profissionais receberem seus salários. Essa situação foi apresentada ao Ministério Público, e seguimos acompanhando o caso”, afirmou o sindicato.
Paralisação à vista
Sem respostas concretas e com a crise se agravando, os profissionais ameaçam suspender os atendimentos caso a situação não seja resolvida. A possibilidade de paralisação preocupa ainda mais a população, que já enfrenta dificuldades com o sistema de saúde pública.
O Pirambu News reitera que o espaço está aberto para manifestações da Prefeitura de Fortaleza, da Secretaria Municipal de Saúde, da cooperativa mencionada ou de qualquer outra parte citada.
Por Luan Gerard