Funcionários da fábrica do Grupo Guararapes – controladora das lojas Riachuelo – em Fortaleza foram oficialmente comunicados nesta terça-feira (10) sobre o encerramento das atividades da gigante do setor têxtil no Ceará. A confirmação vem após rumores correrem por meses sobre a transferência das operações para Natal, no Rio Grande do Norte, onde a companhia possui unidade fabril de 150 mil m².
Com o desinvestimento do Grupo Guararapes no Ceará, cerca de 2 mil trabalhadores foram demitidos. Antes do encerramento oficial, algumas funções já vinham sendo informadas extraoficialmente sobre o fim das operações em Fortaleza, sendo oferecidas a elas a transferência para Natal ou para São Paulo, ou ainda o desligamento.
Atualmente, das três fábricas do Grupo Guararapes na Capital cearense, localizadas no bairro Antônio Bezerra, apenas uma permanecia em funcionamento. As outras duas haviam sido fechadas em junho e em fevereiro do ano passado, totalizando, nos últimos 12 meses, cerca de 6 mil demissões, dizem funcionários da gestão. As fábricas de Fortaleza somavam 9.800 m² de área construída.
Os rumores sobre o encerramento começaram ainda no ano passado. Trabalhadores vinham observando movimentações na última unidade fabril em operação, como o desligamento de maquinário e dos equipamentos de ponto, o que foi inflamando as conversas sobre o fim das atividades.
Enquanto isso, reuniões a portas fechadas – nas quais alguns funcionários relataram que eram impedidos de participar portando smartphones – tratavam dos últimos direcionamentos para os dias finais da empresa no Estado.
IMPACTOS PARA A INDÚSTRIA CEARENSE
Empresários cearenses do setor de confecção dizem que os desligamentos, porém, não devem gerar um inchaço na fila do desemprego, visto que, segundo eles, o mercado vem demandando muita mão de obra, a ponto de “absorver rapidamente” os trabalhadores desligados do grupo.
Em dezembro, o até então secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), Maia Júnior, havia relatado à reportagem que soube do interesse do Grupo Guararapes em se retirar do Ceará, mas que a companhia teria recuado, inclusive estaria planejando fortalecer as operações no Estado, possivelmente trazendo parte do Rio Grande do Norte para Fortaleza.
À época, ele disse, inclusive, que esse movimento de investimento e desinvestimento é comum no meio empresarial. A Guararapes estava presente no Ceará desde 1976, sendo durante muitos anos a maior empregadora da indústria têxtil do Ceará.
Questionado se poderia haver um incremento de incentivo para impedir que a empresa saísse, Maia Junior disse que a empresa “já era bem incentivada”.
INCENTIVOS
A Guararapes no Ceará é beneficiada desde 1998 com o Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), por meio do Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Industrial (Provin). Empresas incentivadas pelo Provin têm diferimento de até 75% do valor do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com retorno do principal de até 25%.
Desde dezembro, o Diário do Nordeste buscava o Grupo Guararapes de maneira contínua para cobrar um posicionamento oficial sobre o encerramento das atividades em Fortaleza. A nota foi enviada nesta terça, confirmando a informação de que “irá centralizar sua produção fabril em Natal, no Rio Grande do Norte. A decisão faz parte do planejamento estratégico da companhia com foco em otimizar a operação fabril para intensificar eficiência, competitividade e diversificação de produtos” (leia nota na íntegra abaixo)
A reportagem também procurou a nova Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) – criada após o desmembramento da Sedet – sobre o assunto, mas não houve retorno até a publicação deste texto.
VEJA NOTA DO GRUPO GUARARAPES NA ÍNTEGRA:
O Grupo Guararapes informa que irá centralizar sua produção fabril em Natal, no Rio Grande do Norte. A decisão faz parte do planejamento estratégico da companhia com foco em otimizar a operação fabril para intensificar eficiência, competitividade e diversificação de produtos. O modelo de negócio integrado do grupo permanece inalterado, preservando a cadeia de fornecimento nacional.
Vale frisar que a Guararapes preza, primordialmente, pelo cuidado e olhar humano, assim todos aqueles que foram afetados por essa decisão já estão recebendo a assistência devida juntamente com um pacote extra para auxiliar nesse período.
A todos foi oferecido a extensão do plano de saúde pelo dobro do aviso prévio e o valor de meio piso salarial. As máquinas de costura industrial foram doadas às costureiras e aos demais foi fornecido um adicional de mais um salário.
A Guararapes tem uma relação de longa data com o Ceará e seguirá atuando no estado por meio de suas lojas.
Com informações do Diário do Nordeste